17 de jun. de 2016

O creme facial personalizado de R$ 15 mil que usa DNA do usuário

Entrar pelas portas da Geneu é como ter uma visão de um futuro onde reina a beleza perfeita. Mulheres esbeltas, adornadas com saltos altos, blazers brancos e batom vermelho flanam pelo endereço, que fica bem ao lado de algumas das lojas de grife mais exclusivas de Londres.


Estamos em uma clínica de estética onde as prateleiras estão forradas de produtos que custam espantosas 3 mil libras (ou quase R$ 15 mil).

Mas por que algumas pessoas estão dispostas a pagar tudo isso por um creme facial? Porque, segundo a Geneu, trata-se de um cosmético absolutamente perfeito: a empresa alega usar o DNA de cada cliente para elaborar um tratamento exclusivo e que só funciona para aquele indivíduo.

Análise da saliva

A empresa afirma que o interesse de jovens profissionais endinheirados por usar informações genéticas na busca pela eterna juventude é cada vez maior, e que suas vendas só crescem. A moda também está ganhando mais adeptos em outras grandes metrópoles do mundo, como Nova York, Los Angeles e Cingapura, e ainda no Oriente Médio e na Rússia.

Os especialistas da Geneu recolhem a saliva do cliente para analisar seu DNA. Um teste básico pode trazer resultados em 30 minutos, por uma taxa extra. Ou é possível esperar 48 horas para que a amostra seja analisada por um laboratório no Imperial College, uma das mais prestigiadas universidades britânicas.

Análise da saliva

A empresa afirma que o interesse de jovens profissionais endinheirados por usar informações genéticas na busca pela eterna juventude é cada vez maior, e que suas vendas só crescem. A moda também está ganhando mais adeptos em outras grandes metrópoles do mundo, como Nova York, Los Angeles e Cingapura, e ainda no Oriente Médio e na Rússia.

Os especialistas da Geneu recolhem a saliva do cliente para analisar seu DNA. Um teste básico pode trazer resultados em 30 minutos, por uma taxa extra. Ou é possível esperar 48 horas para que a amostra seja analisada por um laboratório no Imperial College, uma das mais prestigiadas universidades britânicas.


Essa abordagem de alta-costura para a beleza é apenas uma das várias maneiras como pessoas com alto poder aquisitivo estão se atirando na onda de ter seu DNA analisado.

Nos Estados Unidos, por exemplo, empresas como a AncestryDNA fatura com testes que, segundo ela, revela a verdadeira herança étnica de um indivíduo.

Já os exames mais "sérios" alegam que podem mostrar a predisposição de alguém a doenças genéticas como a fibrose cística ou o mal de Parkinson, apesar de as próprias empresas que fazem esses testes destacarem que não há garantias de que a doença se desenvolva com certeza.

Por causa das diferenças herdadas em genes específicos, a amplitude e a natureza das respostas do organismo aos agentes externos variam de pessoa para pessoa. É também por causa dos genes que nem todos nós temos tendência à diabete ou a problemas cardíacos, ou porque cada indivíduo responde de uma maneira a mudanças na dieta ou na atividade física.

Minha história

Outras pessoas recorrem à análise do DNA para tentar conhecer sua própria história. A britânica Katrina Chandler, de 34 anos, que foi adotada na infância, queria saber mais sobre seus pais biológicos.

O teste revelou que seus genes são 100% compatíveis com os de pessoas originárias do Sudeste Asiático. Mas também mostrou detalhes como a descoberta de dois genes "normalmente encontrados em corredores de provas de curta distância". Ela não se surpreendeu: "Corro regularmente e meu maior trunfo é a 'arrancada final'".

Em uma rede de luxuosas academias de ginástica de Londres, os clientes podem fazer um teste por 249 libras (mais de R$ 1,2 mil) e saber mais sobre sua resistência física, força, consumo de oxigênio, risco de lesões e velocidade de recuperação após o esforço. Além de informações mais minuciosas como uma maior sensibilidade à cafeína, ao açúcar, ao álcool e às gorduras.

"Isso nos ajuda a moldar o programa de exercícios, a frequência e a intensidade, e até a dieta mais eficiente para cada pessoa", diz Matt Roberts, proprietário da rede.

Método suspeito?

Mas muitos especialistas em genética olham essa moda com suspeita.

Nicholas Luscombe, geneticista e professor da University College London é um deles. Segundo ele, empresas como a Geneu trabalham observando as variações de dois genes. "Eu nunca consegui identificar esses genes, e acredito que o envelhecimento da pele é algo extremamente mais relacionado ao ambiente externo do que à hereditariedade", afirma. 

"Se você pegar irmãos gêmeos, e um crescer em algum país da linha do Equador e outro no Ártico, vai ver que eles acabarão tendo peles completamente diferentes."

"Até onde sabemos, os efeitos de antioxidantes sobre a pele ainda são desconhecidos, apesar da badalação em torno do assunto."

Para Helen Wallace, pesquisadora do laboratório Gene Watch, as diferenças genéticas têm um papel muito pequeno nas doenças mais comuns. "Esse tipo de teste é enganoso porque sugere que seus genes são importantes na hora de determinar seu estilo de vida. Eles não são", diz.

Segundo ela, os testes genéticos mais precisos são aqueles feitos por médicos em indivíduos que têm uma longa história familiar de determinada doença.

Já Luscombe acredita que ainda há um espaço para esses exames feitos diretamente com o consumidor. "As pessoas são naturalmente curiosas em relação si mesmas, e o teste com DNA vai exatamente no cerne da identidade individual", argumenta.

O segredo está em saber interpretar os resultados e procurar se informar sobre como usar os dados para melhorar a saúde.

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