Um estudo publicado pela revista “Science” na última sexta-feira (3) mostra uma maneira de editar o RNA, material genético responsável pela transmissão de informação entre o DNA e o maquinário produtor de proteína dentro das células.
A edição de DNA com o Crispr já era tida como um dos maiores avanços científicos recentes. Após cientistas conseguirem aprimorá-la para uso prático em 2012, em 2015 sua popularidade explodiu e seus usos são incontáveis. Já foi usado para alterar o genoma de embriões humanos, criar cães extramusculosos, porcos que não contraem viroses, amendoins antialérgicos e trigo resistente a pragas.
Com esta última descoberta divulgada pela “Science”, os pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, acreditam que podem desvendar melhor o papel do RNA em células e doenças e, no futuro, mostrar como ele pode ser útil para ajudar em tratamentos desde o mal de Huntington -- doença que causa a degeneração das células nervosas do cérebro -- até problemas cardíacos.
“Recortando” o DNA e o RNA será possível retirar partes indesejadas do genoma e/ou colocar novas sequências no local. O CRISPR pode revolucionar a prevenção e o tratamento de doenças, mas envolve um amplo debate sobre até onde a ciência poderá interferir no genoma humano - a natureza levou de 100 a 200 mil anos para moldar a sequência de DNA que nos fazHomo sapiens .
A recente pesquisa envolvendo a aplicação do recurso para RNA foi liderada por Feng Zhang, do MIT, dono da patente da técnica.
"A natureza já inventou todos esses mecanismos realmente interessantes", disse Zhang, em entrevista à revista Nature. "Estamos apenas tentando brincar com isso e aprender como eles funcionam…e então transformá-los em ferramentas que serão úteis para nós".
Zhang também diz que a nova descoberta com relação ao RNA não deve afetar a atual disputa sobre quem possui os direitos sobre essa técnica de edição de genes conhecida como Crispr-Cas9 - sua equipe foi a primeira a usar a abordagem em células de mamíferos. Porém, outros cientistas, liderados por Jennifer Doudna, da Universidade da Califórnia, e o pesquisador francês Emmanuelle Charpentier, foram os primeiros a publicar o Crispr-Cas9 e mostrar como funciona a atividade com as bactérias.
Doudna é co-autora, ironicamente, de outro estudo que aborda o uso do Crispr para cortar RNA em células de mamíferos e publicado em março. A pesquisa de Zhang se concentra apenas em bactérias. Ambas as abordagens tem um longo caminho pela frente, como avaliou o Although Yeo, professor de medicina celular e molecular da Universidade da Califórnia, em San Diego. "Eu acho que nós vamos ver uma avalanche dessas ferramentas que nos permitam monitorar e estudar o RNA", disse. "Isso nos ajuda a pensar o RNA não apenas como uma molécula intermediária entre DNA e proteínas", completou.
Fonte: http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/cientistas-descobrem-maneira-de-editar-rna-em-celulas.ghtml
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