15 de jul. de 2015

Sabonete de higiene feminina aumenta exposição a substâncias prejudiciais

WASHINGTON - Mulheres que usam produtos de higiene feminina, como sabonetes direcionados à área vaginal, podem aumentar sua exposição a substâncias químicas prejudiciais, como ftalatos. Além disso, mulheres negras têm um risco até maior pelo uso frequente destes produtos, de acordo com um estudo publicado, nesta terça-feira, no periódico “Environmental Health”.
— Essas substâncias podem alterar a ação hormonal e estão associados a sérios problemas de saúde — afirmou a coordenadora do estudo, Ami Zota, professora assistente de saúde ocupacional e meio ambiente na Universidade de Washington. — Esta descoberta levanta questões sobre a segurança e os benefícios à saúde destes produtos e outros usados no entorno da área vaginal.
Ftalatos são encontrados em muitos itens de cuidados pessoais em drogarias, e estão associados com muitos problemas de saúde, explica Zota, como no fígado, rins e pulmão, além de anormalidades no sistema reprodutivo.

O estudo analisou 739 mulheres com idades entre 20 e 49 anos que participaram de uma pesquisa nacional e responderam perguntas sobre o uso de produtos de higiene feminina. Os pesquisadores sabiam que o ftalatos podiam ser absorvidos através da pele da vagina e, em seguida, eliminados do organismo. Os pesquisadores olharam então a concentração dessa substância em amostras de urina das participantes.
Zota e seus colegas descobriram que o hábito estava associado a maiores níveis de ftalatos na urina. Na verdade, mulheres que reportavam terem usado o produto no mês anterior tinham 52% a mais de concentração da substância.
Mulheres negras tiveram maior risco de exposição, porque elas usavam o produto com mais frequência. Quase 40% das negras responderam terem usado o sabonete no mês anterior, comparado a 14% de brancas.
O estudo não consegue relacionar diretamente os ftalatos dos produtos femininos a problemas de saúde. Novas pesquisas serão necessárias para estabelecer esta conexão, segundo Zota.


  Algumas associações e especialistas de saúde recomendam que se evite o uso de sabonete íntimo, porque a prática foi associada com maior risco de infecção vaginal, doenças inflamatória pélvica, problemas durante a gravidez. Ele ainda esconde possíveis infecções, que podem se transformar em problemas mais sérios.
— Este estudo oferece outra peça às evidências científicas que mostram por que precisamos saber mais sobre estas substâncias e seus riscos à saúde antes que elas entrem em nosso organismo — afirmou a coautora do estudo, Tracey Woodruff, professora de obstetrícia, ginecologia e ciência reprodutiva na Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF). — É fundamental que tenhamos políticas públicas para garantir que estes produtos sejam seguros.
O estudo analisou a associação entre ftalatos e seus diferentes tipos de produtos femininos, incluindo absorventes, lenços, spray, mas apenas encontrou essa relação com os sabonetes femininos.


OBS.: Os ftalatos são um grupo de compostos químicos derivados do ácido ftálico, tal como o cloro ftalato, utilizado como aditivo para deixar o plástico mais maleável. Tal grupo de compostos é tido como cancerígeno, podendo causar danos ao fígado, rins e pulmão, além de anormalidade no sistema reprodutivo, também provocam alterações hormonais. Dentre os ftalatos existentes, o DEHP (ftalato de di-2-etilhexila) é um dos mais difíceis de serem biodegradados. No Brasil, ainda não existem leis que regulamentem o lançamento dos ftalatos no meio ambiente, apenas restrições ao usu em algumas áreas, como brinquedos infantis. Nos EUA ainda não há uma legislação de restrição ao uso de ftalatos, e a Comunidade Européia, como medida preventiva, determinou a retirada desse componente.

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